A próxima revolução criativa terá como base a relação entre a tecnologia e as marcas, o que vai mudar claramente a experiência de consumo. De acordo com “Fjord Trends 2019”, estamos num ponto de inflexão tecnológica, política e ambiental. As duas décadas de rápido crescimento tecnológico conduziram a enorme desordem digital. A exploração desenfreada dos recursos do planeta espelha um ser humano sem tempo e sobre-estimulado, o que leva ao cerne da questão: a busca por valor e relevância.
Em 2019, o sucesso residirá em acrescentar valor não só aos indivíduos, mas também ao planeta. Em vidas ocupadas e num planeta lotado, apenas o relevante permanecerá.
1 – O silêncio é de ouro.
O sentimento de sobrecarga tornou-se um problema de saúde. As marcas precisam de encontrar formas de chegar aos seus consumidores que anseiam tranquilidade num mundo ruidoso. É cada vez mais frequente que as pessoas se desliguem de modo a impedir a enxurrada de conteúdo e mensagens que confundem a vida quotidiana. À medida que as pessoas colocam mais barreiras entre elas e as tecnologias digitais, as empresas devem aprender a oferecer valor aos que anseiam por tranquilidade num mundo barulhento.
O aumento de alertas e notificações alertou-nos para para o impacto das tecnologias na nossa saúde mental. Consequentemente as empresas começaram a desenvolver produtos que oferecem um maior controlo sobre a exposição à tecnologia.
O que as marcas podem fazer?
– Serem mais tranquilas: as marcas não se devem prender somente ao engagement (interacção).
– Estarem atentas às necessidades de mudança dos seus clientes e às avaliações online.
– Investir no design de conteúdo: não se trata do que comunicam mas como o fazem.
– Exigir o menor esforço cognitivo para que os clientes compreendam a mensagem.
2 – A última gota?
As preocupações sobre o aquecimento global, poluição e sustentabilidade estão a reflectir-se numa mudança cultural. Assim, os consumidores esperam que o compromisso ambiental seja comprovado por meio de acções, eles não são apenas receptivos à mudança, eles agora exigem-na. Por exemplo, na Unilever, as marcas sustentáveis têm registado um crescimento 30% mais rápido do que as marcas que não o são.
O que as marcas podem fazer?
– Redesenhar tudo, tornando os seus produtos sustentáveis tão desejáveis, acessíveis e convenientes quanto as alternativas não-sustentáveis.
– Pensar além de sua marca, unindo esforços para resolver problemas do sector.
– Transformar o desperdício em riqueza.
3 – Minimalismo nos dados
A forma como os dados pessoais são tratados é motivo de preocupação. No futuro, as empresas precisam de apostar na transparência, transmitindo que apenas recolhem dados de que precisam para criar novos produtos e serviços, os usam e armazenam responsavelmente.
O que as marcas podem fazer?
– Capacitar as pessoas a saberem como, onde e qual a razão pela qual os seus dados foram usados e deixar claro o que receberão em troca.
– Garantir que recolhem o mínimo de dados possível
– Permitir que as pessoas ajam quando os seus dados estiverem errados.
4 – As cidades estão caóticas, por isso as marcas devem trabalhar em soluções de mobilidade sustentáveis.
Há uma tendência para o serviços se integrarem e oferecerem modelos de pagamento baseados em assinaturas. As novas parcerias moldarão o futuro da mobilidade, que será um equilíbrio entre sistemas existentes e novas iniciativas.
5 – O paradoxo da inclusão: como comunicar para todos sem, inadvertidamente, excluir outros?
As organizações devem procurar uma inclusão verdadeira. Futuramente, a inteligência artificial poderá fornecer uma verdadeira personalização usando os dados detalhados dos indivíduos e, em última análise, resolver o paradoxo da inclusão. Actualmente as marcas devem trabalhar mais para mentalidades do que com dados demográficos para entender e atender às complexas necessidades humanas.
O que as marcas podem fazer?
– Mesclar dados qualitativos e quantitativos dado que cada um pode tornar o outro mais poderoso.
– Focarem-se em mentalidades que agrupam as pessoas com base em suas motivações, atitudes e comportamentos.
– Adoptar um serviço personalizado que se adapta às necessidades do utilizador em tempo real.
6 – À medida que o digital e o físico se confundem, as empresas têm de se reinventar nos dois espaços.
As lojas físicas cada vez mais tentam mimetizar a experiência da compra online. Basicamente as empresas (que querem evoluir) começarão a recolher e a usar dados que obtêm online para reformular as suas experiências off-line e vice-versa.
7 – Há um novo tipo de realidade que está a confundir os limites da “verdade” e a desafiar a forma como a valorizamos.
Embora devamos estar atentos a potenciais armadilhas, as repercussões positivas da realidade virtual têm-se feito sentir em áreas como entretenimento, assistência médica, mobilidade, segurança, automação, arte e design.
O que as marcas podem fazer?
– Sejam autênticas: algo que os consumidores valorizam muito
– Estarem preparadas: defenderem-se de cópias e manipulações
– Serem criativas sem se desviarem da verdade
Com este texto queremos ajudar as marcas a compreenderem as mudanças que estão a ocorrer na experiência de consumo. As duas décadas de revolução digital moldaram uma nova geração de consumidores.
Filipa Almeida
Co-fundadora e Consultora de Marketing Digital da Dreamweb.
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